Mês da Mulher: Cuidando de quem Cuida Por Dra. Bárbara Murayama
Hoje seremos agraciados com o relato da Dra. Bárbara Murayama, médica ginecologista, obstetra e especialista em endoscopia ginecológica. Além de empreendedora, é gestora da equipe de ginecologia e presidente do Centro de Estudos, no Hospital 9 de Julho (SP).
A admiramos pela sua grande capacidade de cuidar das pessoas, da sua equipe, sua família e de si própria de forma tão amorosa. Dra. Bárbara também se dedica a informar e ensinar muitas mulheres sobre cuidados com a saúde e bem estar.
Cuidando de quem Cuida
Por Dra. Bárbara Murayama
Este mês de março é muito especial, além do mês da mulher, é também o mês mundial da conscientização sobre endometriose. Doença a qual eu dedico grande parte da minha carreira e estudo. Essa doença afeta geralmente mulheres modernas, mulheres que postergam a gestação, que valorizam a carreira, que vivem em grandes centros, submetidas a extrema carga de estresse. E falando em minha carreira, fui convidada a contar um pouco essa história aqui hoje.
Acredito que minha carreira começou a ser planejada ainda na infância quando eu dizia a minha mãe professora que eu queria ser educadora como ela. Queria aprender muito e transmitir conhecimento. Claro que naquela época não tinha isso assim claro, era apenas uma menina se espelhando na mãe admirável.
Durante toda a vida de colégio eu lia, escrevia muito e falava menos, era tímida. Parecia que eu trilharia algo em humanas. Mas a vontade de cuidar de pessoas, de solucionar problemas dos outros começou a tomar conta de mim. E quando a dúvida entre Direito e Medicina reinava, uma amiga estudante de medicina me levou a um plantão de obstetrícia. Assisti a alguns partos e aquilo mexeu comigo. Eu tinha 17 anos e era aquilo que eu queria fazer da vida: cuidar de mulheres em todas as fases de suas vidas!
Me tornei ginecologista, obstetra com especialização em endoscopia ginecológica (videolaparoscopia e histeroscopia) e logo estava ensinando pós- graduandos, alunos de medicina e residentes. Pois é, acabei me tornando um pouco professora.
Mas não era suficiente, sou inquieta, queria mais desafios, sonhava poder ajudar mais do que só minhas pacientes uma de cada vez. Pensando nisso, além de montar meu próprio consultório, manter o lado do ensino, fui fazer um MBA em gestão de saúde, o que me permite hoje ser líder de 20 médicos que cuidam juntos de centenas de mulheres por mês em um dos melhores hospitais do Brasil e através de textos educativos, palestras, consigo levar informação de qualidade sobre saúde da mulher a milhares de mulheres além das minhas próprias pacientes.
Sempre fui muito observadora e curiosa e gostava desde pequena de prestar atenção nas mudanças que aconteciam nos corpos das pessoas ao meu redor e em seus comportamentos. Ser ginecologista me permite tornar esse gosto pela observação e essa curiosidade em algo positivo, melhorando a vida das mulheres. Tratando suas dores, ajudando em seus momentos mais difíceis de doenças ou tristezas e também mais especiais como o parto. Também dos momentos divertidos orientando sua sexualidade, por exemplo.
Uma mulher é um ser complexo, rico em funções bioquímicas e consequentemente rica em sentimentos, emoções. Ter a oportunidade de estudar tudo isso e transformar em cuidado é especial.
Já era ginecologista e casada há algum tempo quando decidi engravidar. Nunca tive certeza se um dia eu iria querer ser mãe, tinha medo de a maternidade atrapalhar minha carreira, estragar meu corpo, me mudar demais. Mas um dia bateu, brinco que os ovários apitaram. E em apenas um mês estava grávida e fui diagnóstica também com doença celíaca, aquela doença em que a pessoa não pode comer nada que contenha glúten. Porém inicialmente não desacelerei, continuei a todo vapor, inclusive indo para Espanha fazer um curso, mas lá tive complicações que me deixaram de repouso o resto da gravidez. Nasceu o meu blog chamado Quando a ginecologista engravida. Foi a maneira que encontrei de me manter ativa mesmo deitada o dia todo.
Virei uma mãe comum, dessas que brincam de pega-pega, brincam no chão, leem e se esforçam para ouvir mais. Procuro cozinhar mais e de forma saudável para minha família, estudo sobre maternidade, choro se fico um dia longe, arrumo para escola, dou banho, corto as unhas, ajudo na lição, dou bronca e elogio sempre. Me esforço todos os dias para tentar ser uma mãe melhor. Às vezes me sinto a pior mãe do mundo. Me culpo quando estou cansada para brincar, quando preciso ficar trabalhando até mais tarde. Durmo mais tarde ou acordo mais cedo que todos em casa para estudar, trabalhar ou me exercitar. Só assim consigo dedicar tempo a ele. Ser mãe me fez ser uma médica melhor, um ser humano melhor. Mas é um caminho a ser trilhado diariamente, uma jornada, não um lugar onde se chega e fim.
Durante a gravidez passei a valorizar mais os sintomas das minhas pacientes, aquela dor nas costas, aquele cansaço ou enjoo que não são doença mas que nos tiram a qualidade de vida em alguns momentos da gestação.
Também passei a respeitar mais mulheres que escolhem não ter filhos, igualmente as que escolhem não trabalhar para dedicação integral a maternidade porque são todos sentimentos tão intensos e viscerais que nós mulheres vivenciamos por termos dois X em nossa carga genética. Independente da escolha que fizermos enfrentaremos um mar de preconceitos, de dificuldades e culpas, que só nós mulheres sabemos, entendemos.
Portanto eu me dedico cada dia mais, não apenas ao cuidado da saúde da mulher, mas a luta pelo empoderamento feminino em um sentido amplo do poder de escolhas e garantia de respeito a essas escolhas, independente de qual cada uma de nós faça.
Mensagem às Mulheres
Sugiro a você que durante este mês e todos reflita sobre como apoiar, enxergar em uma colega, vizinha, desconhecida não uma concorrente, mas uma parceira. Só nos ajudando, criando projetos em conjunto, torcendo verdadeiramente umas pelas outras poderemos construir um presente e um futuro de mais respeito para com as mulheres.
Hoje seremos agraciados com o relato da Dra. Bárbara Murayama, médica ginecologista, obstetra e especialista em endoscopia ginecológica. Além de empreendedora, é gestora da equipe de ginecologia e presidente do Centro de Estudos, no Hospital 9 de Julho (SP).
A admiramos pela sua grande capacidade de cuidar das pessoas, da sua equipe, sua família e de si própria de forma tão amorosa. Dra. Bárbara também se dedica a informar e ensinar muitas mulheres sobre cuidados com a saúde e bem estar.
Cuidando de quem Cuida
Por Dra. Bárbara Murayama
Este mês de março é muito especial, além do mês da mulher, é também o mês mundial da conscientização sobre endometriose. Doença a qual eu dedico grande parte da minha carreira e estudo. Essa doença afeta geralmente mulheres modernas, mulheres que postergam a gestação, que valorizam a carreira, que vivem em grandes centros, submetidas a extrema carga de estresse. E falando em minha carreira, fui convidada a contar um pouco essa história aqui hoje.
Acredito que minha carreira começou a ser planejada ainda na infância quando eu dizia a minha mãe professora que eu queria ser educadora como ela. Queria aprender muito e transmitir conhecimento. Claro que naquela época não tinha isso assim claro, era apenas uma menina se espelhando na mãe admirável.
Durante toda a vida de colégio eu lia, escrevia muito e falava menos, era tímida. Parecia que eu trilharia algo em humanas. Mas a vontade de cuidar de pessoas, de solucionar problemas dos outros começou a tomar conta de mim. E quando a dúvida entre Direito e Medicina reinava, uma amiga estudante de medicina me levou a um plantão de obstetrícia. Assisti a alguns partos e aquilo mexeu comigo. Eu tinha 17 anos e era aquilo que eu queria fazer da vida: cuidar de mulheres em todas as fases de suas vidas!
Me tornei ginecologista, obstetra com especialização em endoscopia ginecológica (videolaparoscopia e histeroscopia) e logo estava ensinando pós- graduandos, alunos de medicina e residentes. Pois é, acabei me tornando um pouco professora.
Mas não era suficiente, sou inquieta, queria mais desafios, sonhava poder ajudar mais do que só minhas pacientes uma de cada vez. Pensando nisso, além de montar meu próprio consultório, manter o lado do ensino, fui fazer um MBA em gestão de saúde, o que me permite hoje ser líder de 20 médicos que cuidam juntos de centenas de mulheres por mês em um dos melhores hospitais do Brasil e através de textos educativos, palestras, consigo levar informação de qualidade sobre saúde da mulher a milhares de mulheres além das minhas próprias pacientes.
Sempre fui muito observadora e curiosa e gostava desde pequena de prestar atenção nas mudanças que aconteciam nos corpos das pessoas ao meu redor e em seus comportamentos. Ser ginecologista me permite tornar esse gosto pela observação e essa curiosidade em algo positivo, melhorando a vida das mulheres. Tratando suas dores, ajudando em seus momentos mais difíceis de doenças ou tristezas e também mais especiais como o parto. Também dos momentos divertidos orientando sua sexualidade, por exemplo.
Uma mulher é um ser complexo, rico em funções bioquímicas e consequentemente rica em sentimentos, emoções. Ter a oportunidade de estudar tudo isso e transformar em cuidado é especial.
Já era ginecologista e casada há algum tempo quando decidi engravidar. Nunca tive certeza se um dia eu iria querer ser mãe, tinha medo de a maternidade atrapalhar minha carreira, estragar meu corpo, me mudar demais. Mas um dia bateu, brinco que os ovários apitaram. E em apenas um mês estava grávida e fui diagnóstica também com doença celíaca, aquela doença em que a pessoa não pode comer nada que contenha glúten. Porém inicialmente não desacelerei, continuei a todo vapor, inclusive indo para Espanha fazer um curso, mas lá tive complicações que me deixaram de repouso o resto da gravidez. Nasceu o meu blog chamado Quando a ginecologista engravida. Foi a maneira que encontrei de me manter ativa mesmo deitada o dia todo.
Virei uma mãe comum, dessas que brincam de pega-pega, brincam no chão, leem e se esforçam para ouvir mais. Procuro cozinhar mais e de forma saudável para minha família, estudo sobre maternidade, choro se fico um dia longe, arrumo para escola, dou banho, corto as unhas, ajudo na lição, dou bronca e elogio sempre. Me esforço todos os dias para tentar ser uma mãe melhor. Às vezes me sinto a pior mãe do mundo. Me culpo quando estou cansada para brincar, quando preciso ficar trabalhando até mais tarde. Durmo mais tarde ou acordo mais cedo que todos em casa para estudar, trabalhar ou me exercitar. Só assim consigo dedicar tempo a ele. Ser mãe me fez ser uma médica melhor, um ser humano melhor. Mas é um caminho a ser trilhado diariamente, uma jornada, não um lugar onde se chega e fim.
Durante a gravidez passei a valorizar mais os sintomas das minhas pacientes, aquela dor nas costas, aquele cansaço ou enjoo que não são doença mas que nos tiram a qualidade de vida em alguns momentos da gestação.
Também passei a respeitar mais mulheres que escolhem não ter filhos, igualmente as que escolhem não trabalhar para dedicação integral a maternidade porque são todos sentimentos tão intensos e viscerais que nós mulheres vivenciamos por termos dois X em nossa carga genética. Independente da escolha que fizermos enfrentaremos um mar de preconceitos, de dificuldades e culpas, que só nós mulheres sabemos, entendemos.
Portanto eu me dedico cada dia mais, não apenas ao cuidado da saúde da mulher, mas a luta pelo empoderamento feminino em um sentido amplo do poder de escolhas e garantia de respeito a essas escolhas, independente de qual cada uma de nós faça.
Mensagem às Mulheres
Sugiro a você que durante este mês e todos reflita sobre como apoiar, enxergar em uma colega, vizinha, desconhecida não uma concorrente, mas uma parceira. Só nos ajudando, criando projetos em conjunto, torcendo verdadeiramente umas pelas outras poderemos construir um presente e um futuro de mais respeito para com as mulheres.