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Especial Dia das Mães – Entrevista com Dra. Marianne Pinotti

Em nossa entrevista especial Dia das Mães, temos a satisfação de contar com a Dra. Marianne Pinotti: mãe, médica, secretária municipal das pessoas com mobilidade reduzida e diretora da Clínica Pinotti.
Vamos conhecer um pouco da vida e da carreira desta profissional, que se dedica a proporcionar cuidado e atenção integral à saúde da mulher, em todas as fases de suas vidas.
1. Quais foram as principais motivações para a escolha da sua profissão?
Desde que me conheço por gente sempre quis ser médica, acredito que esta vocação se fortaleceu, pois nasci de um pai médico e vivi sempre com minha avó paterna Annita, educadora sanitária, ambos apaixonados pela profissão. Nunca me imaginei fazendo outra coisa.
2. Na sua convivência profissional com o Prof. Pinotti, qual foi o maior aprendizado?
Quando pequena, me lembro de sair com ele nos finais de semana para passar visita, ele me levava nos hospitais, na época íamos à Maternidade de Campinas e ao Hospital Escola, aonde ele visitava suas pacientes particulares e àquelas da UNICAMP com o mesmo carinho, competência e atenção.
Ele dizia que competência, conhecimento técnico, foco nos estudos, para estar na fronteira do conhecimento, eram obrigação de todos os médicos, e eu enxergava, desde então que tudo a mais que o Dr Pinotti tinha era o que o fazia diferente.
Mais tarde, já médica, trabalhando com ele na Clínica Pinotti, aqui em São Paulo, com mais maturidade, percebi a enorme responsabilidade e dedicação que ele tinha com cada caso, cada paciente. Quando ele estava na sala com a paciente, nada mais importava, não havia nada mais urgente do que resolver aquele problema, aquela aflição, tratando com seriedade e ao mesmo tempo de forma leve qualquer que fosse o problema, sempre com uma palavra de esperança e transmitindo segurança.
Trabalhamos juntos por 15 anos, para aprender tudo precisaria uma vida, mas aprendi muito, e todos os dias me surpreendo usando frases e maneiras que aprendi com meu saudoso Pai.
3. Agora falando um pouco sobre a sua atuação como secretária municipal para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. O que a levou a ocupar um cargo público, sendo que a sua atividade profissional já exige uma dedicação quase que total?
Desde que me formei médica, em 1993, Sempre trabalhei com saúde pública e sempre considerei a atividade política fundamental para as pessoas que querem uma vida melhor para toda a sociedade. Acreditava que poderia colaborar para construir um país melhor participando de serviços públicos e da política.
Após meu mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo, fui convidada a dirigir a Mastologia do Hospital Pérola Byington, aonde fiquei por 7 anos, quando assumi a Secretaria de Saúde de Ferraz de Vasconcelos e me engajei na política. Dois anos depois, meu partido me convidou para ser candidata a Vice-governadora e depois a Vice-prefeita. Após a eleição, o Prefeito Fernando Haddad me chamou para fazer parte do governo como Secretária da Pessoa com deficiência.
Temos trabalhado todas as áreas da vida das pessoas com deficiência, desde o nascimento até a velhice, pensando em acessibilidade, atenção à saúde, acesso a educação, cultura e esporte, transporte, moradia, trabalho, inclusão social e cidadania!
É um trabalho de garantia de direitos humanos e me sinto realizada e feliz em poder ajudar a construir um futuro mais inclusivo para todos nós, que ganhamos em conviver com as diferenças.
4. Quais são os principais desafios como médica e secretária, como você faz para conciliar as duas profissões e como a convergência disso pode ajudar tanto as pacientes quanto as pessoas com deficiência?
A dificuldade maior é o tempo!! Seria bom se tivéssemos dias com 30 horas (risos), mas me organizo bem, tenho equipes fantásticas tanto na Clínica quanto na Secretaria, sem as quais eu certamente não conseguiria.
O trabalho na área de diretos das pessoas com deficiência e com direitos humanos, a cada dia faz com que eu enxergue o mundo e a própria medicina de forma mais ampla, pensando na garantia do direito que todos têm a saúde e a todas as áreas da vida, me fazendo ver que só seremos felizes quando tivermos um mundo que inclua a todos os seres humanos, sem exceção.
5. Na sua opinião, quais são as grandes tendências da medicina da mulher para o futuro, no Brasil e no mundo? (para aonde vamos? conscientização prevenção, wellness, etc).
Acredito muito na construção do que chamamos de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que é uma forma de além dos cuidados com possíveis doenças, promover educação para a saúde e prevenção de doenças. Adaptando este conceito para a paciente de forma individualizada, dependendo se sua faixa etária e hábitos de vida.
Conhecemos e sabemos prevenir ou diagnosticar precocemente a maioria das doenças que atingem nossas mulheres, precisamos cada vez mais atuar desta maneira para não deixar que as doenças apareçam!!
6. Cite um acontecimento que marcou a sua atuação como médica e como secretária.
São tantas histórias muito boas…. Vou contar duas!
Recebi um caso de uma paciente querida encaminhada por um amigo de muita fé, a Carol, uma menina de 27 anos com um câncer de mama gravíssimo, já fazendo quimioterapia, vivendo uma situação muito difícil, com muito medo, mas com tanta fé que no primeiro momento que a vi senti algo diferente, neste dia ela me disse: Dra. eu não vou morrer! Ela afirmava, o fez por várias vezes e com a mesma fé e convicção. Eu a operei há cerca de 3 anos, retiramos a mama e a reconstruímos no mesmo momento. A despeito de seu prognóstico ser limitado, ela está muito bem e pretende em breve engravidar! Somos amigas e torcemos muito uma pela outra!
Na primeira semana como secretária da pessoa com deficiência fui conhecer uma diretora do MEC (Ministério da Educação) por intermédio de um amigo em comum, cheguei lá e me conduziram a uma sala e me sentei em uma mesa de reuniões aguardando por ela. Ouvi passos que pareciam de uma modelo na passarela, era ela, a Martinha, entrou me cumprimentou e sentou-se ao meu lado para apresentar, com seu tablet, a política da educação inclusiva do MEC, mal se percebia que ela não enxergava. Martinha é deficiente visual desde que nasceu e naquele dia me contou sua história, naquele momento me conquistou, e hoje sou defensora ferrenha das crianças com deficiência incluídas na rede regular de ensino.
Ela me contou que nasceu no interior do Paraná e desde muito pequena seu pai inventava coisas em casa para que ela participasse de tudo, quando ela completou 6 anos ele fez sua matrícula na escola e no primeiro dia a levou, a professora disse que ela não poderia estudar lá, ele perguntou porque, e a óbvia resposta veio…oras porque ela não enxerga, então ele retrucou: Mas ela faz tudo, ela só não enxerga!!
Este é o olhar da inclusão, olhar para o potencial em primeiro lugar, e não para a deficiência!!
Martinha estudou na escola com todas as crianças, se formou professora, foi diretora de escola, secretaria de educação e hoje coordena a educação inclusiva do Brasil inteiro!!
7. Como você vislumbra a retomada da Clinica Pinotti como fonte de educação continuada para médicos e o reposicionamento da marca para o público feminino? (Contribuição da clínica nesse sentido)que citaria como legado para sua atuação e dos demais médicos da sua geração?
Retomamos há um mês o programa de educação continuada da Clinica Pinotti, sinto que há necessidade de espaços para colegas e equipe de saúde possam trocar conhecimentos sobre temas atuais e de forma prática.
Inauguramos propondo uma discussão sobre as questões que envolvem o câncer de mama hereditário e os testes genéticos que têm sido foco da grande mídia, que nem sempre esclarece cientificamente sobre o tema! Foi um ótimo debate e devemos em breve propor outros.
Creio que o legado da Clínica Pinotti é ter, já há mais de 40 anos, o foco em Atenção Integral à Saúde da Mulher.
Hoje em dia da mulher moderna, esta mulher que dá conta de tudo, família, trabalho, cultura, que precisa otimizar seu tempo e entender sobre sua saúde. Aproveitar a mesma hora e lugar para conhecer melhor seu corpo, prevenir doenças, tratar eventuais problemas de saúde, organizar seu check-up de acordo com seus riscos e idade. Sentir-se bem, plena e segura. É isso que queremos cada vez mais proporcionar na Clínica Pinotti.

marianne_pinotti_-_divulgacao_fundo_branco_corte Marianne Pinotti,  médica com mestrado e doutorado em Obstetrícia e Ginecologia. Foi diretora do    departamento de mastologia do Hospital Pérola Byington e Secretária da Saúde do Município de Ferraz de  Vasconcelos.  Atualmente é membro relatora do Comitê de Ética em Pesquisa EGIMAJAP, diretora do      Centro de Pesquisa Clínica EGIMAJAP, e 1° vice-presidente da Sociedade Brasileira de Profissionais em      Pesquisa Clínica e Secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo e diretora da  Clinica Pinotti.

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