Música ajuda crianças com autismo e síndrome de Down
Públicos de Interesse: Clínica e Paciente
Música faz bem para todo mundo: dependendo do ritmo, ela acalma, ajuda a se concentrar, além de ser prazerosa e divertida. Para algumas crianças, tem um papel ainda mais importante.
É o caso de Melissa Garcia, 10. Aos quatro anos de idade, ela foi diagnosticada com síndrome de Asperger, um tipo de autismo (saiba mais abaixo).
“Quando bebê, ela não olhava nos olhos, era totalmente passiva”, conta sua mãe, Gilsimara Garcia, 50. Mas, também desde pequena, é só ouvir uma canção que ela começa a batucar e bater o pé no chão, marcando o compasso.
Quando começou a ter aulas de percussão no Projeto Guri –programa da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo–, muita coisa melhorou na sua vida.
“Foi uma mudança incrível, principalmente na escola. Antes ela não conseguia ficar na sala; hoje, faz todas as atividades”, diz Gilsimara. A melhora foi tão grande que ela convidou outras mães de crianças autistas a levar os filhos para ter aulas de música.
Pedro Iori, 13, por exemplo, tinha seis anos quando os médicos disseram que ele tinha a síndrome. “Me falaram: ‘Ele não vai falar, não vai saber quem é, nem quem são seus pais'”, diz sua mãe, Maria José Oliveira, 47.
Há três anos ele começou a aprender a tocar clarinete no Projeto Guri e também viu sua rotina mudar. Pedro ficou mais calmo. Na escola, consegue ficar sentado na carteira, o que antes era difícil. E também se comunica melhor.
“Quando ele não consegue pedir algo, fala a frase cantando”, conta a mãe. Ele até cantarola as músicas favoritas na frente do espelho. “Gosto de Queen e de Pink Floyd”, diz Pedro.
MÚSICA QUE TOCA
Segundo a musicista e neurocientista Viviane Louro, a música ajuda todas as crianças. Mas, quando ela é autista, a mudança pode ser ainda maior. “A música usa todas as regiões do cérebro e consegue remodelá-lo”, explica.
Allan Domingues, 8, tem aulas de música no CEU São Rafael, na zona leste de São Paulo. Desde que sofreu um acidente, há seis anos, ele não consegue pronunciar as palavras com clareza. Fazer amigos e brincar também ficou mais difícil; colegas de escola chegaram a bater nele.
Mas quando Allan começou a tocar xilofone e cantar no coral, quatro meses atrás, melhorou muito. Na escola de música, ele fez novos amigos e passou a ser respeitado por suas diferenças. “Hoje ele conversa mais, a fala está melhorando”, diz Suzana Domingues, mãe do menino.
Abraão Prado, 14, que tem síndrome de Down, também frequenta o polo São Rafael. Há quatro anos ele faz aulas de coral e violão. E foi com a professora de música que ele aprendeu a escrever a letra “A”, a primeira do seu nome. “Até os médicos ficaram surpresos”, conta a mãe dele, Maria Helena Prado.
Fonte: Folha de S. Paulo