Fazer o Bem Sem Olhar A Quem, Por Dra. Marianne Pinotti
Hoje fomos presenteados com um exemplo de amor à profissão e ao ser humano. Amor esse que vem de berço e se perpetuou ao longo dos anos.
Dra. Marianne Pinotti é doutora em Ginecologia e Obstetrícia, diretora da clínica Pinotti e foi Secretária da Pessoa com Deficiência de São Paulo (2012-2016).
Muito generosa, compartilha sua história e sentimentos conosco de forma muito especial.
Fazer o Bem Sem Olhar A Quem
Desde que me lembro, desde muito pequena já havia escolhido meu caminho. Talvez por conta de meu Pai, Prof Pinotti, grande homem e médico. Minha maior diversão era passar visita com ele nos fins de semana desde quando tinha 7 anos. Talvez por conta de minha Avó Dona Annita que era educadora sanitária, ensinava seus pacientes a cuidar da própria saúde, profissão que nem existe mais. Talvez porque era mesmo destino e missão.
Aprendi em casa o que não se aprende na faculdade, ou na residência, ou nos melhores congressos médicos, e que além de capacidade técnica e muito estudo, em minha opinião é o que diferencia um bom médico, o amor pela profissão e pelos pacientes, a compaixão.
Não há razão mais nobre e prazer maior do que tirar a dor e sofrimento, oferecer segurança, esperança e conforto, e lógico vibrar nos momentos de alegria e vitória, que são tantos! Aprendi em casa que a profissão tem o valor da sobrevivência e do sucesso, mas tem um valor maior que é o do cuidado e da possibilidade de transformar para melhor a vida de alguém. Me lembro de meu Pai, muitas vezes passar um fim de semana inteiro se dedicando a conseguir uma vaga num hospital público para transferir um paciente que se acidentou de moto, uma mulher que precisava de vaga para tratar um câncer, de uma criança com meningite que estava desassistida, nenhum destes eram pacientes dele, ele nem conhecia, mas colocava ali toda sua energia e contatos para ajudar…para fazer o bem, sem olhar a quem. As vezes não entendia porque, até ficava com ciúmes pois eram poucos os momentos que ele tinha para a família e ficava no telefone horas resolvendo estes casos, hoje entendo e imito quando posso!
Para meu Pai a política e gestão públicas foram consequências, ele dizia que podia nestes ambientes multiplicar as boas ações para milhares de pessoas. O acompanhei desde a época da implantação do Programa de Atenção Integral à saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington, orgulho para toda equipe e um alento para as mulheres de São Paulo que dependem do SUS. Depois continuei, fui Secretária Municipal de Saúde de Ferraz de Vasconcelos, Candidata a Vice-governadora e vice-prefeita e por fim Secretária da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo, na gestão do Prefeito Fernando Haddad por 4 anos, onde pude permear os Direitos Humanos e ter mais certeza de que ninguém estará bem enquanto houverem excluídos em nossa sociedade.
Na medicina optei pelas mulheres, e quanto mais vivo, envelheço e aprendo, mais me convenço da importância de garantir que cada mulher tenha sua saúde vista de forma integral. A maioria de nós prioriza os filhos, o esposo, os pais e as vezes até os vizinhos antes de cuidar se si mesmas. Apresentam questões delicadas de saúde durante toda a vida e precisam de cuidados desde a adolescência até a velhice, cuidados estes que não podem ser somente com as mamas e o útero e, muito menos somente na fase da vida onde estão gestando e tendo bebês. Precisam e merecem serem cuidadas na sua integralidade, corpo e alma e nós, médicos e médicas das mulheres temos que enxergar estas necessidades e dar conta delas.
Eu tenho a melhor profissão do mundo, aonde confundo trabalho com prazer, missão e diversão, que faz com que eu queira aprender sempre, estudar muito, que me faz rir e chorar, me emocionar, doar e receber boas energias e amor.
Foto: Enrica PinottiHoje fomos presenteados com um exemplo de amor à profissão e ao ser humano. Amor esse que vem de berço e se perpetuou ao longo dos anos.
Dra. Marianne Pinotti é doutora em Ginecologia e Obstetrícia, diretora da clínica Pinotti e foi Secretária da Pessoa com Deficiência de São Paulo (2012-2016).
Muito generosa, compartilha sua história e sentimentos conosco de forma muito especial.
Fazer o Bem Sem Olhar A Quem
Desde que me lembro, desde muito pequena já havia escolhido meu caminho. Talvez por conta de meu Pai, Prof Pinotti, grande homem e médico. Minha maior diversão era passar visita com ele nos fins de semana desde quando tinha 7 anos. Talvez por conta de minha Avó Dona Annita que era educadora sanitária, ensinava seus pacientes a cuidar da própria saúde, profissão que nem existe mais. Talvez porque era mesmo destino e missão.
Aprendi em casa o que não se aprende na faculdade, ou na residência, ou nos melhores congressos médicos, e que além de capacidade técnica e muito estudo, em minha opinião é o que diferencia um bom médico, o amor pela profissão e pelos pacientes, a compaixão.
Não há razão mais nobre e prazer maior do que tirar a dor e sofrimento, oferecer segurança, esperança e conforto, e lógico vibrar nos momentos de alegria e vitória, que são tantos! Aprendi em casa que a profissão tem o valor da sobrevivência e do sucesso, mas tem um valor maior que é o do cuidado e da possibilidade de transformar para melhor a vida de alguém. Me lembro de meu Pai, muitas vezes passar um fim de semana inteiro se dedicando a conseguir uma vaga num hospital público para transferir um paciente que se acidentou de moto, uma mulher que precisava de vaga para tratar um câncer, de uma criança com meningite que estava desassistida, nenhum destes eram pacientes dele, ele nem conhecia, mas colocava ali toda sua energia e contatos para ajudar…para fazer o bem, sem olhar a quem. As vezes não entendia porque, até ficava com ciúmes pois eram poucos os momentos que ele tinha para a família e ficava no telefone horas resolvendo estes casos, hoje entendo e imito quando posso!
Para meu Pai a política e gestão públicas foram consequências, ele dizia que podia nestes ambientes multiplicar as boas ações para milhares de pessoas. O acompanhei desde a época da implantação do Programa de Atenção Integral à saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington, orgulho para toda equipe e um alento para as mulheres de São Paulo que dependem do SUS. Depois continuei, fui Secretária Municipal de Saúde de Ferraz de Vasconcelos, Candidata a Vice-governadora e vice-prefeita e por fim Secretária da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo, na gestão do Prefeito Fernando Haddad por 4 anos, onde pude permear os Direitos Humanos e ter mais certeza de que ninguém estará bem enquanto houverem excluídos em nossa sociedade.
Na medicina optei pelas mulheres, e quanto mais vivo, envelheço e aprendo, mais me convenço da importância de garantir que cada mulher tenha sua saúde vista de forma integral. A maioria de nós prioriza os filhos, o esposo, os pais e as vezes até os vizinhos antes de cuidar se si mesmas. Apresentam questões delicadas de saúde durante toda a vida e precisam de cuidados desde a adolescência até a velhice, cuidados estes que não podem ser somente com as mamas e o útero e, muito menos somente na fase da vida onde estão gestando e tendo bebês. Precisam e merecem serem cuidadas na sua integralidade, corpo e alma e nós, médicos e médicas das mulheres temos que enxergar estas necessidades e dar conta delas.
Eu tenho a melhor profissão do mundo, aonde confundo trabalho com prazer, missão e diversão, que faz com que eu queira aprender sempre, estudar muito, que me faz rir e chorar, me emocionar, doar e receber boas energias e amor.
Foto: Enrica Pinotti