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Pesquisa com 95 mil crianças enterra de vez o mito que associa vacina a autismo

Associação feita pelo inglês Andrew Wakefield em 1998 está na origem do movimento antivacina

 
Representantes da saúde aplicam vacina durante uma campanha contra a Poliomielite em Peshawar, no Paquistão. Segundo a polícia, mais de 450 pais foram presos após negarem vacinar seus filhos - 03/03/2015
Representantes da saúde aplicam vacina durante uma campanha contra a Poliomielite em Peshawar, no Paquistão. Segundo a polícia, mais de 450 pais foram presos após negarem vacinar seus filhos, em março(VEJA.com/AFP)
 
Um grande estudo publicado nesta terça-feira na revista Jama, da Associação Médica Americana, concluiu que não existe nenhuma relação entre a vacina tríplice (contra a caxumba, a rubéola e o sarampo) e autismo. A pesquisa, feita com 95 727 crianças e liderada por cientistas americanos, não deve surpreender os médicos. Mas, para o movimento antivacina, representa um duro golpe.
Até hoje, a associação entre a vacina e a doença, feita pelo gastroenterologista inglês Andrew Wakefield em um artigo na revista Lancet, em 1998, é uma das principais alegações do movimento antivacina. Embora Wakefield, acusado de fraude, tenha perdido o registro no Conselho Geral de Medicina da Inglaterra, em 2010, e a Lancet tenha pedido desculpas publicamente, até hoje a tese de Wakefield ainda é enganosamente invocada contra a aplicação de vacinas. A crença de que os imunizantes podem causar autismo está na origem do surto de sarampo que atingiu os Estados Unidos no início do ano. Por causa dos adultos que decidem não vacinar as crianças, 159 jovens foram diagnosticados com a doença em 18 Estados. Não havia relatos da doença no país desde 2000. Em todo o mundo, são cerca de 80 000 casos de sarampo, parte dos quais na Europa.
Falta de evidências – Para chegar à conclusão de que a tríplice não está ligada ao autismo, os pesquisadores acompanharam entre 2001 e 2012 um grupo de crianças americanas, das quais 2% tinham irmãos mais velhos que se enquadravam no espectro autista. Cientificamente, estudos com irmãos, pessoas que dividem parte de seu DNA, são os mais indicados para verificar a influência de fatores externos. Além disso, de acordo com os pesquisadores, essa escolha é importante porque as famílias que têm o primeiro filho autista são as que menos vacinam os demais filhos, escrevem no artigo – pelo medo infundado de que a aplicação da vacina tenha alguma coisa a ver com o autismo do primogênito.
Analisando os dados, a equipe verificou que 994 foram diagnosticados com autismo, sendo que a proporção maior (6,9%) estava no grupo com irmãos autistas. No restante, a proporção foi de 0,9%. No entanto, tomar ou não a vacina não teve qualquer influência no diagnóstico de autismo.
Os pesquisadores esperam que esse resultado, obtido com o acompanhamento de um grande número de participantes por um longo período, seja suficiente para enterrar de vez o mito da associação entre o imunizante e a doença. “Nossos dados não indicam associação entre aqueles que receberam a vacina tríplice e autismo, mesmo entre aqueles que têm maior risco para a doença”, concluem.
Fonte: Revista Veja

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