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A RELEVÂNCIA DOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS NO SEGMENTO DA SAÚDE

ENTREVISTA COM DR. WILSON SHCOLNIK, PRESIDENTE DA SBPC/ML (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/ MEDICINA LABORATORIAL)
LEITURA DE 5 MIN.
recursos
A SBPC/ML publicou recentemente o levantamento realizado pela entidade, em parceria com a empresa de tecnologia Shift. O objetivo foi identificar o percentual de exames no qual resultados não são consultados ou retirados pelos pacientes.
Este estudo nos permite concluir dois pontos importantes:
1) O quanto uma gestão baseada em tecnologia, amparada por dados qualificados são grandes aliados no direcionamento estratégico de uma organização;
2) Quão relevante para a saúde é o segmento de laboratórios clínicos, tanto na prevenção, quanto no monitoramento.
A pesquisa contou com uma amostra de 81 laboratórios, distribuídos em diferentes regiões brasileiras, responsáveis por 93 milhões de exames realizados, no período de 01/05/16 a 01/05/2017.
Segundo o estudo publicado no dia 22 de novembro de 2017, apenas 5,4% dos exames realizados não são retirados pelos pacientes.
Para abordar este tema, convidamos o novo Presidente da SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial, Dr. Wilson Shcolnik, que logo após ser nomeado, no último dia 13, nos concedeu esta entrevista em primeira mão.
YC: O que motivou a SBPC/ ML a realizar esse estudo e porque elegeu a Shift para este trabalho?
Dr. Wilson: Há anos temos assistido a porta-vozes e formadores de opinião ligados a diferentes segmentos do setor de saúde se referir ao “número de exames não retirados dos laboratórios clínicos”. Diferentes percentuais foram citados, sendo o menor deles de 30%. Mesmo entendendo que esse é um dos fenômenos a serem estudados, quando se trata de discutir os desperdícios existentes no setor de saúde, as cifras divulgadas vinham causando estranheza aos profissionais de laboratório, que as consideravam exageradas, pois variadas formas de acesso aos resultados de exames já estão disponíveis por conta do avanço tecnológico nas tecnologias de informação e comunicação.
Diante disso, fizemos um apelo às empresas desenvolvedoras de sistemas de informação para laboratórios clínicos, no sentido de auxiliarem na apuração desse número, cuja fonte mais fidedigna é o sistema de informática laboratorial (SIL). A Shift foi a primeira empresa a atender ao nosso apelo e desenvolveu uma aplicação para capturar a informação precisa sobre o número de resultados de exames não acessados em laboratórios clientes.
YC: Qual a importância desse resultado para o mercado laboratorial e para o setor de saúde como um todo?
Dr. Wilson: O número de resultados de exames não acessados deve ser bem apurado e entendido, pois cabe a todos os envolvidos na assistência à saúde combater desperdícios.
Entretanto fica provado que esse não representa o maior desperdício dentro do setor de saúde. Se considerarmos que os gastos com exames laboratoriais em vários países não chega a 3% dos gastos totais da assistência, esse número, referente a exames laboratoriais não acessados, se dilui ainda mais.
Ocorre que muitos dos exames não acessados foram executados para pacientes hospitalizados. Assim, fica fácil compreender que a segurança dos pacientes está em jogo e esse tema não pode ser ignorado.
YC: O estudo realizado pela SBPC aponta que 5,4% dos resultados dos exames laboratoriais realizados em diversas regiões do Brasil não são retirados. Com este dado, é possível sabermos como estamos em relação a outros países?
Dr. Wilson: O percentual apurado refere-se a resultados de exames não acessados, já que atualmente, por contarem com muitas formas de acesso aos resultados de exames, muitos pacientes não comparecem aos laboratórios para “buscar” resultados. Médicos de várias especialidades também costumam acessar aos websites dos laboratórios para conhecer os resultados de exames realizados por seus pacientes. Hoje podemos verificar na literatura muitos dados referentes a resultados de exames que não foram monitorados, incluindo exames realizados por pacientes hospitalizados, o que representa motivo de preocupação.
Por exemplo, Sung e colaboradores (2006) demonstraram que 1 a 10% de resultados de exames anormais não eram acessados por solicitantes, com potenciais consequências adversas para a saúde dos pacientes.
Na Austrália (2011) as consequências do atraso ou da falta de acompanhamento de resultados de exames foi descrito em relatório de uma Comissão de Excelência Clínica – Clinical Excellence Commission in New South Wales, Australia – que reportou 11% de incidentes evoluindo para óbitos e 32% de incidentes com importantes consequências para pacientes (perda de função corporal).
É importante ressaltar que 5,4 % referem-se ao total de exames não acessados. Se considerarmos que o número médio de exames por pedido, nesse estudo, foi de 5,0 podemos deduzir que o número de resultados não acessados por pedido realizado para cada paciente foi apenas de 1%.
YC: É sabido que ainda existem indicações inadequadas e excessos na solicitação de exames. Por outro lado, no modelo fee for service o laboratório recebe com base nos testes realizados. Como trabalhar esta questão complexa? E como os laboratórios podem contribuir para a diminuição do desperdício?
Dr. Wilson: A forma de pagamento, a meu ver, não está relacionada ao excesso de utilização de exames laboratoriais. Na verdade os laboratórios clínicos não geram pedidos de exames, mas simplesmente executam os pedidos que lhes chegam, formulados por médicos que geralmente precisam atuar em prevenção/promoção de saúde, confirmar diagnósticos e definir ou gerenciar tratamentos. Sabemos que há desperdícios e a SBPC/ML pretende enfrentar esse problema discutindo o uso racional de exames laboratoriais.
YC: Pensando na atuação da YouCare no mercado da saúde, como acredita que poderíamos contribuir com o setor neste tema?
Dr. Wilson, A YouCare já está contribuindo muito, promovendo esclarecimentos sobre o tema, que é polêmico, e dando voz aos diferentes segmentos envolvidos.
ENTREVISTA COM DR. WILSON SHCOLNIK, PRESIDENTE DA SBPC/ML (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/ MEDICINA LABORATORIAL)
LEITURA DE 5 MIN.
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A SBPC/ML publicou recentemente o levantamento realizado pela entidade, em parceria com a empresa de tecnologia Shift. O objetivo foi identificar o percentual de exames no qual resultados não são consultados ou retirados pelos pacientes.
Este estudo nos permite concluir dois pontos importantes:
1) O quanto uma gestão baseada em tecnologia, amparada por dados qualificados são grandes aliados no direcionamento estratégico de uma organização;
2) Quão relevante para a saúde é o segmento de laboratórios clínicos, tanto na prevenção, quanto no monitoramento.
A pesquisa contou com uma amostra de 81 laboratórios, distribuídos em diferentes regiões brasileiras, responsáveis por 93 milhões de exames realizados, no período de 01/05/16 a 01/05/2017.
Segundo o estudo publicado no dia 22 de novembro de 2017, apenas 5,4% dos exames realizados não são retirados pelos pacientes.
Para abordar este tema, convidamos o novo Presidente da SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial, Dr. Wilson Shcolnik, que logo após ser nomeado, no último dia 13, nos concedeu esta entrevista em primeira mão.
YC: O que motivou a SBPC/ ML a realizar esse estudo e porque elegeu a Shift para este trabalho?
Dr. Wilson: Há anos temos assistido a porta-vozes e formadores de opinião ligados a diferentes segmentos do setor de saúde se referir ao “número de exames não retirados dos laboratórios clínicos”. Diferentes percentuais foram citados, sendo o menor deles de 30%. Mesmo entendendo que esse é um dos fenômenos a serem estudados, quando se trata de discutir os desperdícios existentes no setor de saúde, as cifras divulgadas vinham causando estranheza aos profissionais de laboratório, que as consideravam exageradas, pois variadas formas de acesso aos resultados de exames já estão disponíveis por conta do avanço tecnológico nas tecnologias de informação e comunicação.
Diante disso, fizemos um apelo às empresas desenvolvedoras de sistemas de informação para laboratórios clínicos, no sentido de auxiliarem na apuração desse número, cuja fonte mais fidedigna é o sistema de informática laboratorial (SIL). A Shift foi a primeira empresa a atender ao nosso apelo e desenvolveu uma aplicação para capturar a informação precisa sobre o número de resultados de exames não acessados em laboratórios clientes.
YC: Qual a importância desse resultado para o mercado laboratorial e para o setor de saúde como um todo?
Dr. Wilson: O número de resultados de exames não acessados deve ser bem apurado e entendido, pois cabe a todos os envolvidos na assistência à saúde combater desperdícios.
Entretanto fica provado que esse não representa o maior desperdício dentro do setor de saúde. Se considerarmos que os gastos com exames laboratoriais em vários países não chega a 3% dos gastos totais da assistência, esse número, referente a exames laboratoriais não acessados, se dilui ainda mais.
Ocorre que muitos dos exames não acessados foram executados para pacientes hospitalizados. Assim, fica fácil compreender que a segurança dos pacientes está em jogo e esse tema não pode ser ignorado.
YC: O estudo realizado pela SBPC aponta que 5,4% dos resultados dos exames laboratoriais realizados em diversas regiões do Brasil não são retirados. Com este dado, é possível sabermos como estamos em relação a outros países?
Dr. Wilson: O percentual apurado refere-se a resultados de exames não acessados, já que atualmente, por contarem com muitas formas de acesso aos resultados de exames, muitos pacientes não comparecem aos laboratórios para “buscar” resultados. Médicos de várias especialidades também costumam acessar aos websites dos laboratórios para conhecer os resultados de exames realizados por seus pacientes. Hoje podemos verificar na literatura muitos dados referentes a resultados de exames que não foram monitorados, incluindo exames realizados por pacientes hospitalizados, o que representa motivo de preocupação.
Por exemplo, Sung e colaboradores (2006) demonstraram que 1 a 10% de resultados de exames anormais não eram acessados por solicitantes, com potenciais consequências adversas para a saúde dos pacientes.
Na Austrália (2011) as consequências do atraso ou da falta de acompanhamento de resultados de exames foi descrito em relatório de uma Comissão de Excelência Clínica – Clinical Excellence Commission in New South Wales, Australia – que reportou 11% de incidentes evoluindo para óbitos e 32% de incidentes com importantes consequências para pacientes (perda de função corporal).
É importante ressaltar que 5,4 % referem-se ao total de exames não acessados. Se considerarmos que o número médio de exames por pedido, nesse estudo, foi de 5,0 podemos deduzir que o número de resultados não acessados por pedido realizado para cada paciente foi apenas de 1%.
YC: É sabido que ainda existem indicações inadequadas e excessos na solicitação de exames. Por outro lado, no modelo fee for service o laboratório recebe com base nos testes realizados. Como trabalhar esta questão complexa? E como os laboratórios podem contribuir para a diminuição do desperdício?
Dr. Wilson: A forma de pagamento, a meu ver, não está relacionada ao excesso de utilização de exames laboratoriais. Na verdade os laboratórios clínicos não geram pedidos de exames, mas simplesmente executam os pedidos que lhes chegam, formulados por médicos que geralmente precisam atuar em prevenção/promoção de saúde, confirmar diagnósticos e definir ou gerenciar tratamentos. Sabemos que há desperdícios e a SBPC/ML pretende enfrentar esse problema discutindo o uso racional de exames laboratoriais.
YC: Pensando na atuação da YouCare no mercado da saúde, como acredita que poderíamos contribuir com o setor neste tema?
Dr. Wilson, A YouCare já está contribuindo muito, promovendo esclarecimentos sobre o tema, que é polêmico, e dando voz aos diferentes segmentos envolvidos.

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