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Desafios da saúde suplementar brasileira

O setor de saúde suplementar é formado por diversos players. Uma cadeia complexa, que vem dialogando cada vez mais a fim de compartilhar suas experiências na busca por eficiência sem perder o foco no ator mais importante: o paciente.
Para explorar os desafios que o setor vem enfrentando, bem como as oportunidades, conversamos recentemente com o Dr. Paulo Senra Souza, da ASAP.
Dr. Paulo é médico especialista em administração de serviços. Foi um dos fundadores da Amil e hoje é conselheiro da Aliança para a Saúde Populacional – ASAP, entidade sem fins lucrativos que apóia e incentiva ações de gestão da saúde populacional.
Temos certeza de que tanto a experiência do Dr. Paulo, quanto o trabalho desenvolvido pela ASAP têm muito a contribuir com o setor, por isso queremos compartilhar com nossos leitores este bate papo.
YC: O Fórum ASAP 2016 promoveu um grande debate sobre Gestão de Saúde Populacional em cima de temas muito relevantes e em comum para toda a cadeia da saúde. Em sua opinião quais os principais desafios do setor atualmente e de que maneira podemos superá-los?
Dr. Paulo: A saúde em um país em desenvolvimento como o Brasil acumula muitos desafios, principalmente numa era de transições como a transição demográfica, ainda temos um bônus de uma população jovem mais volumosa que a idosa, tendência que será alterada nos próximos 15 anos; transição tecnológica, de um mundo analógico para um mundo digital; transição epidemiológica, de doenças infecciosas agudas para doenças crônicas entre outras tendências.
Os principais desafios, portanto são:

  • Reduzir a tendência de aumento da sinistralidade decorrentes do envelhecimento e do uso da tecnologia;
  • Mudar a cultura de atenção reativa a doença instalada para a prevenção e promoção da saúde;
  • Controlar os custos da atenção a saúde, para que acompanhe no máximo as taxas de inflação da moeda, além de garantir a segurança e a qualidade neste âmbito.

Enfim o principal desafio será centrar o valor da saúde no cidadão.

YC: Poderia nos contar um pouco de como surgiu a ideia de formar a ASAP?  Porque a causa “Gestão de Saúde Populacional”?
Dr. Paulo: A ideia de fundarmos a ASAP surgiu da observação do movimento iniciado há mais de 20 anos nos USA que nasceu como “Disease Management Association” que evoluiu para “continuum Care Aliance “ e finalmente “ Population Health Aliance “ onde debatia-se e desenvolvia-se ferramentas para atender os desafios citados na resposta anterior.
A “Gestão de Saúde Populacional” é uma tendência que tem como foco a saúde, prevenção e promoção ativa, e não mais na doença e seus tratamentos.

YC: A proposta da ASAP é contribuir para a mudança do foco nos serviços prestados em saúde, que até então era centrada na doença e não na promoção da saúde e qualidade de vida. Quais foram os principais desafios da Aliança neste sentido nos seus quatro anos de atuação e quais os resultados alcançados até o momento?
Dr. Paulo: A ASAP desenvolveu um plano estratégico para os primeiros cinco anos que possui ações centradas em motivar o ecossistema da saúde em debater a necessidade de mudança de modelo mediante fóruns internacionais, fóruns nacionais, workshops, pesquisas e publicação de cadernos com instruções sobre ações básicas em gestão de saúde de populacional.

YC: Temos acompanhado o trabalho da ASAP e visto o quão importante esta sendo para a saúde suplementar nacional. Em sua opinião, quais players da saúde têm atuado mais na promoção da saúde e quais devem olhar este tema como fator crítico de sucesso?
Dr. Paulo: Na verdade são poucas as ações que envolvem promoção da saúde, na nossa visão todos os participantes do ecossistema da saúde devem olhar este tema e o ter como responsabilidade, para garantir a sustentabilidade do setor. Entretanto ao “pagador”, o contratante dos serviços de saúde, cabe cuidar da prevenção, pois a alternativa será investir a cada ano maiores somas na recuperação de doenças.

YC: O IDSS – índice ANS que mede o desempenho das operadoras – confere e pontua também o registro de programas para prevenção e promoção da saúde de seus beneficiários como forma de incentivá-los. Em sua opinião, quais ações podem trazer melhores resultados para as operadoras? Como a ASAP pretende participar dessas iniciativas?
Dr. Paulo: As operadoras são contratadas em geral para oferecer rede de atenção para cobertura de custos em caso de doença conforme um rol de coberturas, os contratos em geral não prevêem ações de prevenção e gestão de saúde, esse quadro tem que mudar a partir de ações do contratante/pagador/beneficiário e corretores em conjunto.
A ASAP pretende oferecer informações sobre casos de sucesso em gestão, divulgar boas práticas e debater alternativas.

YC: Diferentes modelos assistenciais têm sido utilizados no exterior e vem trazendo resultados expressivos, um grande exemplo desta afirmativa é o OBAMA CARE. Como o senhor enxerga a adoção destes modelos no Brasil? Quais as principais barreiras e os maiores desafios?
Dr. Paulo: Os novos modelos sofrem sempre restrições dos pensamentos conservadores com receio a mudanças, porém o êxito destes novos modelos serão os indutores desta adoção no Brasil. O desafio será a formação de recursos humanos capacitados a implantar novos modelos.

YC: Vem surgindo no setor de saúde, pelo menos nos últimos dois anos, um grupo de startups. Suas soluções variam desde monitoramento de pacientes crônicos à gestão e economia de recursos para instituições de saúde. Como a ASAP vê este mercado? De que maneira as startups podem ajudar a superar os desafios na saúde suplementar e na promoção da saúde e qualidade de vida?
Dr. Paulo: Estas startups serão as responsáveis pela mudança de modelo, a inovação necessária virá a partir delas que oferecerão nova visão, nova cultura e novas tecnologias no segmento de gestão de saúde populacional.

YC: Pensando na atuação da You Care no mercado da saúde, como acredita que poderíamos ajudar a ASAP e o setor na gestão da saúde populacional?
Dr. Paulo: Na minha visão a You Care tem uma grande responsabilidade na divulgação das tendências em gestão de saúde e colabora com sugestões de estratégia e ações para mudarmos o quadro atual que envolve aumento de custos e baixa qualidade de serviço prestado.

Dr. Paulo Marcos Senra Souza
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Dr. Paulo Marcos Senra Souza é médico, com MBA pela COPPEAD/UFRJ.  Especialista em Administração de Serviços foi um dos fundadores e é membro  do conselho da Aliança para a Saúde Populacional – ASAP. Sendo também um  dos fundadores da Amil Assistência Médica Internacional onde foi executivo por  40 anos desde a sua fundação.
Médico benemérito da cidade do Rio de Janeiro escreveu o livro “Existe Vida  Após A Inflação” (1995), e participou de obras importantes. Foi um dos autores  do livro “O Melhor Vem Depois”, de Júlio Sergio Cardozo e Andrea Giardini  (2009) e consultor da versão brasileira do livro “The Innovator´s Prescription: A  Disruptive Solution For Health CARE – Inovação na Gestão da Saúde – A receita  para reduzir custos e aumentar qualidade”, de Clayton M. Christensen.

Sobre a ASAP
Aliança para a Saúde Populacional – ASAP é uma entidade sem fins econômicos que tem como meta estimular e promover ações de Gestão de Saúde Populacional (GSP).
A proposta da ASAP é contribuir para a readequação do atual modelo, centrado na doença e nos prestadores de serviços, para um modelo com ênfase na promoção da saúde e da qualidade de vida com um acompanhamento direto e constante aos portadores de doenças crônicas, envolvendo tecnologia e engajamento nos programas de GSP. Foi fundada em setembro de 2012, por um grupo de grandes empregadores que propõem disseminar conhecimentos, compartilhar boas práticas e engajar empresas, prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde ao redor da causa da GSP.
É parceira da Population Health Alliance – PHA (ex-Care Continuum Alliance – CCA), instituição reconhecida internacionalmente por sua atuação na cadeia de valor de GSP, tornando possível a transferência de conhecimento para os associados no Brasil. (fontes: Wikipédia e site oficial ASAP)

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